domingo, 18 de outubro de 2020

Ceia, Santa Ceia

 

Ceia do Senhor

O estudo a seguir tem como tema, a última ceia do Senhor Jesus. Será abordado temas como a páscoa, pão sem fermento e ceia em família.

Estimo que a leitura seja agradável e elucidativa!

Texto bíblico base: Mt 26.17-19, 26-30

E, no primeiro dia da festa dos pães ázimos, chegaram os discípulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?
E ele disse: Ide à cidade, a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a páscoa com os meus discípulos.
E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a páscoa. (
Mateus 26:17-19)

E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo.
E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;
Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.
E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai.
E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras. (
Mateus 26:26-30)

 

Estudar e entender textos bíblicos necessita de leitura paciente e contextualizada, assim corremos menor risco de isolarmos um determinado conceito, criando um problema maior do que o fato de simplesmente não saber sobre determinado assunto.

Ao entrar no estudo sobre a ceia, ou comumente conhecida como “santa ceia”, baseado no evangelho segundo Mateus, capitulo 6, versículos do 17 ao 19, nos deparamos com o contexto da festa dos pães ázimos (ou “asmos”) e a páscoa como pano de fundo. Sendo assim nos cai bem saber que a páscoa é a festividade judaica, onde comemora-se a saída do povo então cativo, do Egito.

A páscoa foi instituída exatamente no dia, onde segundo a promessa de Deus a Moisés, o Senhor passaria pelo Egito ferindo todos os primogênitos, livrando o seu povo. Nesse dia as famílias comeriam um cordeiro ou um cabrito assado, pães ázimos (não teriam tempo para fermentar) e ervas amargas. E seguiriam comendo pães não fermentados por sete dias.

Até aqui vimos que a páscoa dá início a festa dos pães ázimos, assim como o que se come nesses dias, vale ressaltar que a ceia (refeição) pascoal se deu ao entardecer, ao final do dia e início da noite, era o horário em que os trabalhadores escravizados chegavam em suas casas. Esse evento como um todo, foi colocado com efeito de memorial para o povo que estava cativo no Egito e foi levado ao deserto.

Com o passar dos anos, todo o povo judeu havia abraçado a festividade como costume, e a celebrava em Jerusalém uma vez por ano, no último dia antes da lua cheia, no mês de nisã (ou abibe), que para o nosso calendário gregoriano se dá entre os meses de março e abril, conforme imagem a seguir:


Voltando para a passagem bíblica de Mt 26.17-19, os discípulos combinam com Jesus sobre essa ceia pascoal. Não foi combinado uma “santa ceia”, como conhecemos o termo nos dias de hoje. No mesmo capítulo 26, nos versos 26 a 30, o relato diz que estavam comendo quando Jesus utiliza de dois elementos ali presentes. Elementos esses tão simples e tão comuns que todo o povo tinha condição de ter a sua mesa para não deixar passar “em branco” tal festividade. Os elementos que Jesus utiliza eram de tão fácil acesso que até mesmo, o povo no tempo do cativeiro teve condição de ter em sua mesa.

A festividade estava ocorrendo em toda Jerusalém, não era algo planejado apenas para aquele grupo de discípulos e seu mestre. O que ocorreu de forma singular, foram as instruções passadas por Jesus aos seus discípulos, instruções essas que o apóstolo Paulo vai fazer uso em sua vida missionária, deixando relatos em suas cartas.

Talvez, você possa estar pensando, que ainda assim, a “santa ceia” ocorreu apenas no meio de pessoas “completamente” santas, purificadas e tudo mais... Vale ressaltar que Judas estava com seu plano de traição em andamento nesse contexto em que ocorre a ceia, Pedro seria avisado sobre o “negar” ao Cristo e a maior parte dos que ali estavam não tem o nome citado nos trechos que relatam o sofrimento e a morte de Jesus.

A ceia em família dá a oportunidade do mais experientes explicarem o sentido das coisas aos menos experientes, crianças tendo oportunidade de ver o exemplo dos mais velhos e até mesmo os indagando sobre suas dúvidas.

Uma lição que tiro dessa passagem bíblica é que Jesus inspira a todos que o conhecem, a repartirem esse conhecimento, ensinando com exemplos, com a vida, em diversas oportunidades. Quando ele compara o pão ao seu corpo e o vinho ao seu sangue, entendo que mesmo entregando um dedo a um discípulo, uma orelha a outro, alguma gostas de sangue a outro, ainda assim não seria possível chegar esses “pedaços” até nós. A instrução da comunhão, o simbolismo de partir um pão e repartir um cálice é possível fazermos e passarmos a diante infinitamente.

Esse texto tem o intuito de instruir e chamar sua atenção ao texto bíblico dentro se seu contexto, agora vamos tentar trazer para a nossa realidade. A páscoa, atualmente, ocorre apenas em uma casa? Apenas em uma cidade? A “santa ceia” que você conhece ocorre apenas uma vês por ano, conforme a páscoa bíblica? Ou apenas entre homens conforme o relato da última ceia de Jesus com seus discípulos?

Talvez seja difícil responder a tais perguntas baseando-se em seus costumes contemporâneos ou religiosos. Segundo a bíblia, Jesus aproveitou uma festividade (um momento), para instruir. Precisamos aproveitar as festividades que somos inseridos: páscoa em família, natal, reveillon, festa da empresa, aniversários etc. Jesus não poderia e não perdeu tempo, Ele havia de cumprir seu propósito, morrendo pelos nossos pecados e deixando todo esse legado.

Topa uma ceia em família?

Instrua seus filhos e todo aquele que está disponível ao evangelho!

 

Segue um material complementar que apoia artigo acima.

Significados:

Festa dos pães ázimos – Festa Judaica que durava sete dias a partir da páscoa. Na própria páscoa era celebrada uma ceia familiar em que se comia o cordeiro sacrificado para tal ocasião (Lc 22.7,n).

Ref.:https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A3o_%C3%A1zimo#:~:text=P%C3%A3o%20Asmo%20ou%20azimo%2C%20matzo,cevada%20e%20centeio)%20e%20%C3%A1gua.&text=Hoje%20em%20dia%20%C3%A9%20comida,a%20festa%20dos%20p%C3%A3es%20%C3%A1zimos.

Páscoa, a principal festa judaica, celebrada no dia 14 de Nisã (último dia antes da lua cheia, que segue ao começo da primavera no hemisfério norte). Nela, se comemora a saída dos israelitas do Egito (Cf. Êx. 12.1-18). No tempo de Jesus, todos os judeus deviam ir a Jerusalém para essa festa. Matavam-se cordeiros ou cabritos no Templo e levavam-nos às casas para comê-los numa ceia especial, pelas famílias. Durante essa ceia, além do cordeiro, do pão sem fermento, de ervas amargas e um molho de hissopo, tomava-se vinho e se recitavam alguns salmos e orações. Durante sete dias, a partir desse dia, comia-se pão sem fermento.

Referências Bíblicas:

1.     AT

1.1.                     Êx 121-28 (v.11*), 43-49; 13.3-10; Dt 16.1-8; Js 5.10; 2Rs 23.21-23; 2Cr 35.1-19; Ed 6.19-20

2.     NT

2.1.                     Celebrada por Jesus

1.1.1.  Aos doze anos Lc 2.41-52

1.1.2.  Anteriores a sua morte Jo 2.13*-23; 6.4

1.1.3.  Páscoa da Paixão Mt 26.2*,17-30; Mc 14.1,12-31; Lc 22.1,7-38; Jo 11.55*; 12.1; 13.1; 18.28; 19.14

1.2.                     Outra – At 12.4

1.3.                     Pascoa cristã – 1Co 5.7-8

 

Não poderás sacrificar a páscoa em nenhuma das tuas portas que te dá o Senhor teu Deus;
Senão no lugar que escolher o Senhor teu Deus, para fazer habitar o seu nome, ali sacrificarás a páscoa à tarde, ao pôr do sol, ao tempo determinado da tua saída do Egito.
Então a cozerás, e comerás no lugar que escolher o Senhor teu Deus; depois voltarás pela manhã, e irás às tuas tendas.
Seis dias comerás pães ázimos e no sétimo dia é solenidade ao Senhor teu Deus; nenhum trabalho farás. (
Deuteronômio 16:5-8)

 

Temos em Ex.12, a instituição da páscoa.

 

Ref.1: https://www.analisesp.com.br/calendario-judaico/#:~:text=Abib%2FNisan%2C%20%C3%A9%20o%20nome,da%20cevada%20madura%20em%20Israel.&text=%C3%A9%20o%20primeiro%20m%C3%AAs%20da,da%20primavera%20no%20hemisf%C3%A9rio%20norte.


Ref.2: https://biblia.com.br/dicionario-biblico/a/abibe/


Por: Bruno Ribeiro.